Estamos discutindo a ideia de um “novo caminho para o sucesso do livro”. É importante reconhecer que este novo caminho só existe porque o antigo já não nos atende mais. Se você está aqui lendo este texto e eu estou aqui escrevendo, é porque ambos compartilhamos o desejo de encontrar algo diferente. Algo que nos permita alcançar o sucesso de uma forma única e autêntica, que possa nos levar a novos horizontes na indústria literária. Este ensaio é, portanto, uma tentativa de expandir os caminhos dos livros. Juntos, podemos explorar as possibilidades e descobrir o que o futuro nos reserva.
Você já se perguntou: “Como posso vender mais livros?” ou “Como posso vender meus próprios livros?”. É natural buscar inspiração nos grandes sucessos da indústria, mas devemos estar cientes de que o caminho que eles percorreram pode não ser o mais apropriado para o sucesso atualmente. Afinal, eles iniciaram suas trajetórias em um momento e lugar diferentes do nosso, e alguns já passaram do auge ou estão em declínio.
Se você está iniciando seu ciclo como escritor, editor ou toda carreira relacionada a criar e desenvolver livros, é importante reconhecer que precisamos traçar um caminho diferente dos que já alcançaram o sucesso que desejamos. É necessário inovar e encontrar novas maneiras de se destacar no mercado editorial.
Ficou curioso sobre qual caminho seria esse? Se sim, faço o convite para que prossiga com a leitura e fique à vontade para trazer seus comentários.
Inovação e o livro
A inovação é fundamental, impulsiona a evolução da sociedade: tecnologias, negócios, arte e cultura. No entanto, para que uma inovação seja realmente efetiva e bem-sucedida, é preciso que ela tenha aderência do público, ou seja, que as pessoas consigam perceber e compreender o que é proposto e também se sintam atraídas e engajadas com o que está sendo oferecido.
Para conquistar essa aderência, uma estratégia importante é fazer referências ao que já é comum e conhecido pelo público-alvo. Isso pode incluir elementos visuais, linguagem, funcionalidades ou qualquer outra característica que as pessoas já estejam acostumadas e confortáveis em usar, sem exigir uma grande curva de aprendizado. Desta forma, a inovação se torna mais acessível e fácil de ser compreendida e utilizada.
Dentre as inovações recentes temos os smartphones, com suas telas touch screen e interface amigável. Mas antes a indústria da tecnologia já tinha sofrido alguns fracassos. Por exemplo, o Apple Newton e a empresa Palm, que até avançou um pouco mais nessa aventura dos PDA’s nos anos de 1990.
Voltado para os livros o que temos de mais tradicional são as livrarias, sebos e bibliotecas. Já as novidades capazes de nos apresentar alguns resultados animadores há: e-commerce, impressão por demanda e e-book. Estas tecnologias são capazes de expandir o catálogo disponível quase ao infinito. E assim permite a experiência de compra cada vez mais personalizada. Assim como aproximar os livros até do mais longínquo leitor. Há também novidades nas relações. Por exemplo, o clube de assinatura em que uma curadoria seleciona livros para surpreender e agradar seus clientes. Como também as redes sociais que permitem a conexão entre os leitores e facilitam a proximidade do autor com o público.
A prosperidade escondida na Cauda Longa
Estamos vivendo em plena era digital, o que traz desafios e oportunidades para o mercado editorial. Enquanto, por um lado, é verdade que a tecnologia nos apresenta o desafio da dispersão dos leitores em telas e a ameaça da pirataria, por outro lado, ela também oferece a chance de disponibilizar toda sorte de livros para venda, alcançando públicos em seus nichos e até mesmo em territórios mais remotos. É inegável que nossos livros agora estão a poucos cliques de distância de nossos leitores, e isso representa uma mudança significativa em relação ao passado. Essa nova realidade permite que os custos para produzir e vender livros sejam reduzidos significativamente.
O termo “cauda longa” se popularizou a partir do livro “A Cauda Longa” de Chris Anderson, publicado em 2006. Em sua obra, o autor dialogou com grandes nomes do varejo online, como a Netflix e a Amazon, para elaborar suas ideias. É interessante destacar que Anderson defende que há muita riqueza na cauda longa. Pois ao multiplicar um grande número de títulos por suas vendas, é possível obter um grande resultado. Ao contrário do custo de manter uma prateleira de loja física, que inclui aluguel e manutenção, o custo de estocar um arquivo digital é quase insignificante, o que permite uma grande variabilidade de produtos disponíveis. Essa variabilidade, por sua vez, pode atender a nichos específicos e interesses diversos, o que é um atrativo para o público em geral.
A cauda longa para a indústria do livro no Brasil
Ao trazer o conceito da cauda longa para a indústria do livro no Brasil, é possível afirmar que existem outras oportunidades. Além do vasto e rico acervo sem espaço nos meios tradicionais de venda de livros, há um sério gargalo em relação aos possíveis leitores. A maioria dos municípios brasileiros nunca teve uma livraria e muitos nem sequer possuem uma biblioteca. Isso cria uma cauda longa de leitores e territórios pouco atendidos, que poderiam se beneficiar enormemente do acesso a livros e outras formas de literatura. Portanto, é necessário que haja esforços para ampliar a distribuição de livros e incentivar a leitura em todo o país. Visando atender a essa demanda reprimida, estimular a formação de novos leitores, fomentar o desenvolvimento cultural e educacional de regiões inteiras.
Rompendo o anonimato
O processo de promoção de um livro pode ser complexo e envolve diversos aspectos. Geralmente inicia-se após a sua publicação, no entanto pode começar ainda na captação de recursos. Das principais estratégias para torná-lo conhecido é de gerar visibilidade. É fundamental que o livro seja visto por quem lerá, e para isso existem diversas formas acessíveis que para se utilizar:
- Marketing nas redes sociais, com a criação de conteúdo relevante e interação com os seguidores;
- Lançamentos de livros, que podem ser realizados em livrarias, bibliotecas, universidades, eventos literários ou mesmo em formato online;
- Participação em feiras literárias, que permitem uma maior exposição do livro e contato com um público mais amplo;
- Sessões de autógrafos, que possibilitam uma aproximação maior com os leitores e a oportunidade de apresentar o livro pessoalmente;
- Resenhas em blogs, jornais e revistas especializadas, que contribuem para a divulgação do livro e geram interesse em potenciais leitores;
- Recomendações de influenciadores, como blogueiros literários, youtubers e instagrammers, que possuem uma audiência qualificada e podem influenciar na decisão de compra;
- E-mail marketing, com o envio de newsletters e comunicados para uma base de contatos que já demonstrou interesse em livros do mesmo gênero ou tem perfil compatível com o público-alvo do livro;
- Anúncios pagos em plataformas de anúncios como Google Ads e Facebook Ads, que permitem segmentar o público-alvo e garantir que o livro seja visto por pessoas que têm interesse no tema.
Ambiente para os nossos novos livros
No mercado brasileiro do livro falta um ambiente que priorize a viabilidade econômica das caudas longas da indústria literária. Para maior eficácia da promoção dos livros falta uma integração que fomente a conexão entre leitores e autores. Esta deve ser capaz de proporcionar mais visibilidade e liquidez para títulos que ainda são pouco conhecidos.
A criação de plataformas digitais, programas de incentivo à leitura, políticas de preço mais acessíveis e outras iniciativas que ampliem a distribuição e a divulgação dos livros são medidas importantes para atender a essa demanda reprimida e permitir que os novos autores possam ter seu trabalho reconhecido e valorizado pelo público em geral. Certamente assim, poderemos promover uma indústria editorial mais diversificada, rica e representativa da vasta riqueza literária do Brasil.