Ultimamente as produtoras de filmes, principalmente as norte-americanas, têm desenvolvidos filmes a partir de livros publicados que já alcançaram um sucesso considerável no mercado editorial.
A ideia é que se o livro fez sucesso nas vendas, tornando-se muitas vezes um best-seller, essa expectativa também é transferida para um filme, que pode confirmar no cinema o sucesso obtido nas livrarias.
Outro ponto também é a economia de tempo que as produtoras têm ao fazer um filme baseado num livro, haja vista que a história já está pronta para ser roteirizada e filmada e não precisa, portanto, ser criada “do zero”.
Daí o lançamento cada vez maior de filmes baseados em livros e um nicho pouco explorado pelas editoras e pelos livreiros quando esses filmes chegam para ser exibidos no circuito. Muitos dos espectadores dos filmes não têm conhecimento que ele é baseado numa obra literária. Outros sabem disso, mas não tem interesse em ler a obra que originou o longa metragem, talvez por falta de incentivo/interesse para a compra do livro.
Há uma forma de valorizar e promover a leitura, bastando possibilitar que os espectadores dos filmes pudessem, ao saírem dos cinemas, comprarem os respectivos livros que deram origem aos filmes. Daí a necessidade dos cinemas promoverem campanhas com as editoras dos livros e/ou com as livrarias dos shoppings onde os cinemas estão instalados.
Inúmeras vezes saí do cinema com vontade de ler o livro e cacei uma livraria no shopping até encontrar um exemplar. Em todas às vezes, mesmo o filme estando em cartaz, os livreiros e as editoras não fizeram um comercial sobre o livro, expondo na vitrine ou não concedendo um desconto para quem o assistiu.
Assim, sugiro que as editoras e as livrarias, na próxima vez que um filme baseado numa obra estiver em cartaz, que o livro seja oferecido dentro do cinema a um preço mais camarada para aquele que o assistirá ou então que o espectador apresente o tíquete confirmando que ele assistiu ao filme e ganhe um desconto na compra da obra.
Iniciativas como as sugeridas acima poderiam alavancar as vendas das livrarias, dos cinemas e das editoras, mas mais do que isso, poderiam aumentar a pífia quantidade de livros que os brasileiros leem.
A diferença entre o filme baseado em livro e o livro que originou o filme é que o autor do livro usa e abusa da imaginação. E transportar essa imaginação para as telas de cinema só se a produtora dispor de muitos recursos (financeiros e técnicos).
Tenho assistido a vários filmes que são diferentes dos livros que os originaram. Nos filmes criam-se personagens que não fazem parte do livro, ou se retiram personagens dos livros.
Um exemplo disso é o livro “O Meu Pé de Laranja Lima”, de José Mauro de Vasconcelos. Duas versões cinematográficas e três telenovelas foram produzidos baseadas no livro, o maior best-seller da literatura brasileira, com mais de quinze milhões de exemplares vendidos. Pois nenhuma dessas versões se compara ao livro. O livro é milhares de vezes melhor do qualquer uma dessas produções.
Mas, mesmo assim, quando um livro está sendo bem vendido e fazendo sucesso, a maioria das pessoas dizem: “Vou esperar para assistir ao filme…”
Todos sabem que é lendo que se escreve. Em um exame do ENEM, recentemente, QUINHENTOS MIL participantes tiraram ZERO na Prova de Redação. Sabem por quê? Porque não sabem escrever! E por que não sabem escrever? Porque não gostam de ler!
Publiquei um livro intitulado “Nossa Senhora dos Pinhais”, que narra a fundação da cidade de Curitiba, de forma romanceada. Tentei vender um exemplar a uma família vizinha de minha casa. O chefe dessa família disse: “Nóis num gosta de ler!”. Pensei: “Pelo seu modo de falar, já sei que não gosta mesmo!”
E então, vamos ler mais?