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Devoradores

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“Bons tempos em que havia apenas o Bem e o Mal, Deus e o Diabo, se não houvesse gente como nós, o povo não teria devorado a Revolução com mais gula e caminhado para o Futuro”. Bons tempos? O problema foi a caminhada para o Futuro.

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Descrição

Nós que amávamos tanto a revolução — bem, parece que este leve tom de nostalgia, já no início, anuncia o fim e não o começo. Há alguns anos, John Lennon (que também, à sua maneira, tratou de revolução) anunciava que o sonho havia acabado. E em Devoradores, lemos:
“ – Sem mais conversa. Acabou.
– Não para nós – Qualquer arrisca um argumento.
– Para todos. Stalin morreu, o muro caiu, tudo morreu, o século morreu. ”
E a nossa juventude, acrescentaria. Nós que amávamos tanto a revolução vivemos a liberdade da década de 60 e, em seguida, a repressão da década seguinte, pegamos tudo isso de proa, marinheiros de primeira viagem que éramos. Estávamos todos no mesmo barco e não sabíamos: comunistas, trotskistas, Ação Popular, Polope, maoístas, Aliança Libertadora, anarquistas e mesmo beatniks, hippies e roqueiros da primeira leva. O que unia a todos era a luta contra “o sistema”, era não entrar nele, era brigar com ele, em nome do “céu marxista”, do “paraíso socialista”, contra os “burgueses, os exploradores do povo e os alienados”. Era bom ver as coisas sagradas serem destruídas… Ou foi bom enquanto durou? Há um inegável tom de reminiscência, de memória daqueles idealismos das causas perdidas: “Bons tempos em que havia apenas o Bem e o Mal, Deus e o Diabo, se não houvesse gente como nós, o povo não teria devorado a Revolução com mais gula e caminhado para o Futuro. “Bons tempos? O problema foi a caminhada para o Futuro. Nós, os que amávamos tanto a revolução, fomos obrigados a deixar de amá-la ou a colocar este amor entre parênteses. Ou a cultivá-lo apenas nas nossas cabeças, ouvindo Bob Dylan nos dizer que a resposta, meus amigos, a resposta, is blowing in the Wind, no aconchego do nosso quarto, talvez com um pôster antigo de Che Guevara na parede. Mais do que Itabira do poeta, apenas um retrato na parede, mas como dói! Astolpho de Araújo começou como cineasta. Às armas foi seu primeiro filme. Curta carreira de cineasta que prosseguiria com seu segundo longa, tempos depois, O Ibrahim do subúrbio, uma deliciosa crônica social localizada num subúrbio carioca, com José Lewgoy dando um banho de interpretação. Mas o cinema também era um sonho da nossa geração e o sonho, como já dissemos, repetindo Lennon, acabou – acabou-se o que era doce.
“ – Menos a prisão, não quero morrer na prisão.
Rodolfo tem as provas e chave.
– Você tinha que carregar o passado! ”
Acabou-se o que era doce e quem quiser que conte outra. Astolpho quis e contou. Tematicamente, e sem nenhuma insinuação de comparação de influência, esse seu romance alia-se a outros que se pretendem um balanço dos anos pós-1964, como, para citar os mais bem realizados, Bar D. Juan e Reflexos do baile, de Antônio Callado, e L’herbe a brûler, de Conrad Detrez (O jardim do nada, em português) um belga que andou militando entre nós na Ação Popular. Devoradores vem agora, em pleno começo do século XXI, como um balanço do autor e de sua geração, para bagunçar um pouco o eterno coro dos contentes. Não é um qualquer.
Flávio Moreira da Costa

Informação adicional

Peso 0,2 kg
Dimensões 0,5 × 17 × 24 cm
Autor

Astolpho Araújo

ISBN

9788565873772

Ano da publicação

2017 (2ª edição)

Páginas

123

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